Juventudes brasileiras e mobilidade social: um compromisso em construção

Compartilhe

O Brasil abriga uma das maiores populações jovens do mundo. São milhões de adolescentes e adultos em início de vida ativa, com energia, capacidade de adaptação e desejo de participação plena na sociedade. No entanto, para boa parte dessa juventude, as promessas de crescimento e autonomia são confrontadas com barreiras históricas: acesso desigual à educação, instabilidade nas oportunidades de trabalho e ausência de redes que sustentem trajetórias consistentes. 

Segundo dados do IBGE, mais de 10,3 milhões de jovens entre 15 e 29 anos estão fora da escola e do mercado de trabalho. Esse número, que representa 21,2% da juventude brasileira, expressa um cenário crítico. Ele revela o tamanho da distância entre o potencial dessa população e as condições reais que têm para desenvolver seus projetos de vida. Nesse contexto, investir na mobilidade social da juventude não é uma necessidade estrutural para o presente e para o futuro do país. 

Foi com essa consciência que o Instituto Localiza estruturou sua atuação ao longo dos últimos anos. Com uma estratégia baseada em formação técnica, inclusão produtiva e fortalecimento de redes, o Instituto opera apoiando organizações sociais e criando laços com empresas parceiras para ampliar o acesso de jovens brasileiros a percursos possíveis de desenvolvimento pessoal e profissional. 

Em 2024, foram 29.130 jovens beneficiados por ações estruturantes, com um total de 29.463 horas de formação realizadas, em iniciativas que priorizam, para além da transmissão de conteúdo, a construção de autonomia. Dentre esses participantes, 7.134 acessaram oportunidades produtivas, seja por meio de empregos formais, seja por iniciativas empreendedoras que foram apoiadas, fortalecidas ou reestruturadas com o apoio dos projetos. 

A presença do Instituto se estendeu aos 26 estados brasileiros e ao Distrito Federal, com atuação capilarizada em territórios diversos — muitos dos quais não figuram entre os focos prioritários das políticas públicas estruturantes. De acordo com o Atlas das Juventudes (2021), jovens que vivem em cidades do interior ou em regiões periféricas enfrentam até três vezes mais risco de evasão escolar e desemprego precoce. Por isso, mais do que chegar a todo o território nacional, o Instituto busca estar presente de forma qualificada e com escuta. A parceria com organizações sociais locais tem sido a base para que cada projeto respeite os contextos em que está inserido e responda a desafios concretos. 

Outro aspecto central da atuação em 2024 foi o acompanhamento da evolução dos jovens durante as formações. Os dados mostram que 83% aumentaram seu domínio técnico, 55% se sentiram mais preparados para atuar na área escolhida e 27% manifestaram maior vontade de seguir aprendendo após os cursos. Mas tão importantes quanto os indicadores de aprendizado técnico são os de desenvolvimento emocional. Sabemos, com base em evidências da OIT e outras pesquisas nacionais, que a permanência no trabalho está diretamente relacionada à autoconfiança, ao repertório emocional e ao acesso a redes de apoio. Por isso, monitoramos também esses indicadores. Os resultados de 2024 indicam que 44% relataram mais preparo emocional para o mercado, 37% ampliaram a autoestima e a confiança e 51% sentiram ampliação de suas redes de relacionamento. 

Projetos como o Residência Social, o Companheiro de Rota e o Garota Tecnológica respondem a um desafio comum, mas pouco tratado: a transição entre o acesso ao trabalho e a consolidação de uma trajetória profissional com sentido. Esses programas foram pensados para garantir que a entrada no mercado não seja um movimento isolado, mas parte de um processo formativo mais amplo, que envolve acompanhamento, construção de vínculo com o ambiente e projeção de futuro. Como reforça o relatório “Trabalho e Juventudes no Brasil”, publicado pela Organização Internacional do Trabalho (2022), o maior risco enfrentado pelos jovens não é apenas o desemprego, mas a falta de perspectiva de permanência e crescimento. 

A atuação do Instituto também mobiliza pessoas da própria Localiza&Co por meio de um programa de voluntariado corporativo que se expandiu em 2024, com a participação de 484 colaboradores, somando 1.196 horas de dedicação em 87 ações realizadas, com impacto direto sobre 3.735 pessoas. Para além dos números, os resultados qualitativos mostram o fortalecimento de vínculos institucionais e subjetivos: 96,59% dos voluntários relataram desenvolvimento pessoal, e 93,18% disseram ter fortalecido seu sentimento de pertencimento à empresa. 

A mobilidade social das juventudes não se resolve com projetos isolados ou soluções de curto prazo. Ela exige continuidade, capilaridade, articulação e responsabilidade coletiva. 

O Instituto Localiza segue nessa construção. Porque transformar a realidade das juventudes brasileiras é uma responsabilidade partilhada, que começa com presença e se realiza com compromisso de longo prazo. 

Leia o Relatório de Atividades 2024 e conheça os caminhos, os dados e as escolhas que seguimos construindo.