Kokopoi é indígena Kayapó e cresceu na aldeia. Aos cinco anos, foi levada pelo tio para a cidade, onde começou a estudar. O tio, que ela chama de pai, sempre reforçou que o conhecimento seria um caminho para se tornar quem ela quisesse ser.
Foi em Novo Progresso, no Pará, que ela recebeu uma mensagem: o Instituto Edson Royer estava com vagas abertas para um curso de qualificação profissional.Kokopoi decidiu se inscrever. Era a primeira vez que participava de algo assim — e foi também o começo de tudo.
No curso, conheceu outras meninas indígenas, aprendeu informática, participou de debates sobre confiança feminina e descobriu algo sobre si mesma: tinha coragem. Em um dos eventos do Instituto, o Força Jovem, ela foi chamada para falar diante de mais de 500 pessoas. Ficou em choque. Mas respirou fundo, pegou o microfone e falou. Quando desceu do palco, mal acreditava no que tinha acabado de fazer.
“A gente precisa perder o medo pra ser alguém na vida”, ela ouviu, ainda no começo do curso. A frase ficou ecoando. Não saiu mais. Talvez por isso ela tenha continuado e é por isso que segue, até hoje, abrindo caminhos com a própria voz.
Aos 17 anos, Kokopoi é voluntária no Instituto Edson Royer. Ajuda nas matrículas, apoia os alunos e já atuou como tradutora entre o português e sua língua indígena. Foi ponte entre culturas. “Fico feliz de ver outras jovens indígenas lembrando do que ouviram nas aulas e compartilhando isso com outras pessoas”, conta.
Sua rotina é intensa: estuda pela manhã, é voluntária duas vezes por semana à tarde e sonha em se tornar técnica de enfermagem. Vai e volta de moto, e às vezes, a pé. Ainda arruma tempo para jogar vôlei, futebol e visitar os pais na aldeia, sempre que pode.
Kokopoi fala com orgulho do que viveu e do que construiu. Se alguém perguntar se ela tem medo, a resposta talvez seja: tem, mas não deixa ele paralisar. Porque aprendeu que dar voz à própria história muda tudo pra ela, pra quem a escuta, e pra quem vai se inspirar nela daqui pra frente.
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