Gerson nasceu e cresceu no bairro Aparecida, em Belo Horizonte. Desde cedo, aprendeu a fazer da realidade um ponto de partida, mesmo quando ela parecia improvável. Já foi cortador de cana, vendeu água no sinal e doces no ônibus. Durante a pandemia, voltou às ruas com suas paçocas e trufas para garantir o básico. Foi nessa época que, vencendo a timidez, começou a enxergar, no contato com as pessoas, uma nova forma de se sustentar — não só financeiramente, mas emocionalmente também.
Com mais de 30 anos, decidiu iniciar sua graduação em Gestão de Recursos Humanos. Estudava de madrugada, às vezes à luz de velas, como em 2019, quando a energia acabou na véspera de uma prova. Mesmo assim, seguiu. Foi estagiário na Carbel, venceu duas Olimpíadas Acadêmicas e se destacou no núcleo de inovação. Tinha um objetivo antigo: trabalhar na Localiza.
Esse desejo começou quando alugou um carro para ser motorista de aplicativo. Encantado pelo atendimento que recebeu da funcionária da agência, se aproximou da marca. Tentava enviar currículos, mas ainda não se via como alguém que pudesse conquistar uma vaga. Foi então que, em uma ação social no bairro, ouviu da Franciele, uma ex-participante, sobre o programa Na Rota Social. Se inscreveu, mergulhou nas aulas e entendeu que aquela formação podia ser um caminho para se colocar no mercado de trabalho com mais preparo e confiança.
Ao longo do processo, encontrou gente que fez diferença. Durante o curso, contou com o apoio de Jéssica Martins, Luiz, Alê e Letícia, pessoas que o ajudaram a desenhar a travessia. O processo seletivo parecia difícil demais, mas ele foi. Saiu da entrevista com o coração acelerado e a surpresa de ouvir, no elevador, que um dos gestores queria tê-lo na equipe. Já dentro da empresa, conheceu Maryane, sua mentora no Companheiro de Rota, que o acompanhou nos primeiros passos e foi presença importante na adaptação. No dia 11 de junho de 2025, completou um ano na Localiza.
Hoje, Gerson trabalha no Rentabiliza Box, um projeto piloto em Confins. Foi reconhecido no Hall da Fama da Localiza, na categoria “Valentia”, por enfrentar o desafio de fazer dar certo mesmo quando a estrutura ainda não estava pronta. Melhorou seu inglês atendendo clientes estrangeiros e sugeriu um sistema de troca de conhecimento entre os colegas, que deu origem a uma iniciativa interna de ensino de idiomas.
Mas seu maior reconhecimento veio de quem o conhece desde antes. Os mesmos vizinhos que o viam vender balas no ônibus vibraram com sua conquista. “Voltei a sonhar”, ele diz. “Quando entrei no curso, eu estava só sobrevivendo.”
Gerson é pai de uma garota de 14 anos. Diz que quer ir cada vez mais longe, porque, quanto mais ele sobe, maior o chão que constrói para ela. Participa de projetos sociais, é voluntário do Instituto Localiza e se engaja em tudo o que conecta juventude e oportunidade. Já atuou no “Meu Robô”, no “Compartilhando Sorrisos e Histórias”, nas hortas comunitárias e na Junior Achievement.
Ele sabe que sua história inspira não porque é excepcional, mas porque é real, feita de dúvidas, persistência, afetos e recomeços.
“Essas histórias precisam ser contadas. Porque saber que dá pra sonhar, muda tudo.”