Leafar é feito de muitas camadas: artista, produtor, atendente, poeta, filho, sobrinho, trabalhador.
Uma pessoa não binária que, aos 25 anos, tem acumulado jornadas inteiras em busca de um lugar para ser, existir e criar.
Criado pelas tias desde pequeno, saiu de casa aos 16 anos para tentar se sustentar sozinho. Passou por muitas casas, enfrentou o medo, a insegurança e a falta de apoio. Durante a adolescência, morou com conhecidos, passou pelo conselho tutelar e precisou aprender cedo a equilibrar as contas e os sentimentos. Aos 22, conquistou sua primeira casa alugada e, com ela, veio também um tipo novo de estabilidade – ainda frágil, mas sua. Foi quando sua mãe, após sair do sistema prisional, voltou para sua vida. Hoje, os dois dividem o mesmo teto e reconstruíram, com afeto, o vínculo interrompido por mais de uma década.
A arte sempre foi um abrigo. Leafar escreve desde os 14 anos. Atualmente, está finalizando um livro chamado Menino Nuvem, que mistura sentimentos, cotidianos e reflexões com uma linguagem poética. Também já dançou, fez curso de assistente de câmera, participou de festivais culturais e trabalha como freelancer na produtora musical SUMAC, em Cuiabá, ao lado de projetos como o Festival Baguncinha.
Durante o dia, atua em uma empresa de energia solar no Shopping Pantanal. À noite, grava, produz, escreve. Vira turnos e soma rendas para seguir criando. Ao longo da vida, trabalhou como faxineiro, assistente e chefe de cozinha, vendedor, atendente e produtor de eventos. Seu sonho é viver daquilo que o move: o audiovisual. Mas, mesmo enquanto esse sonho ainda não se realiza plenamente, ele encontra formas de se aproximar dele todos os dias.
Quando soube, por uma amiga, do curso de marketing digital e audiovisual do Comitê Pró-Infância, apoiado pelo Instituto Localiza, não criou grandes expectativas — mas se surpreendeu. Foi uma virada. Aprendeu sobre branding, tráfego pago, fotografia e posicionamento de câmera. Descobriu uma nova forma de olhar para os bastidores que tanto o encantam.
Lá, encontrou inspiração no professor Joffrey e em uma jornalista com quem trocou ideias sobre estágio. Sentiu-se parte. Viu caminhos se abrindo. Aplicou esse novo olhar em seu trabalho com produção musical e passou a perceber detalhes — de enquadramentos à iluminação — com mais técnica e sensibilidade.
Hoje, sua rotina exige fôlego e coragem. Ele transita entre empregos, sonhos e necessidades. Trabalha muito. Mas é esse movimento que o sustenta. “Eu quero brilhar. Mas brilhar do meu jeito”, diz. “Às vezes atrás da câmera, às vezes com uma ideia, um poema, uma imagem.”
Aos poucos, Leafar conquistou algo que, por muito tempo, parecia distante: o reconhecimento. Não só das ruas por onde passou ou das empresas em que trabalha, mas, principalmente, da própria família. “Minhas tias achavam que eu não teria futuro. Hoje, elas têm orgulho de mim.”
Hoje, Leafar não tem todas as respostas, mas tem firmeza no caminho. Sabe onde quer chegar e reconhece que já construiu muito mais do que um lugar para morar. “Conquistei a minha casa, minha liberdade e meu espaço de fala.” Mesmo quando as certezas ainda oscilam, ele continua: trabalhando, criando, escrevendo. Porque é na arte, no afeto e no aprendizado que Leafar encontra o impulso para seguir em movimento.
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