“Se você pode ajudar, ajude. Porque vai dar muitos frutos. E eu sou um pequeno fruto desse projeto muito legal.”
Na casa da Jéssica, crescer nunca foi só sobre ir para frente. Era também sobre ir além do que se conhecia, do que se esperava, do que parecia possível. A filha mais velha de um motorista e de uma técnica em enfermagem sempre carregou dentro de si um desejo forte de não apenas seguir caminhos, mas abrir novos. E foi isso que ela fez.
Moradora da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo, Jéssica encontrou na Arca uma porta que se abriu para um mundo que ela ainda não conhecia: logística, recursos humanos, gestão financeira. Aos poucos, o desejo de estudar mais foi ganhando corpo e propósito. O curso técnico foi só o começo. Veio a entrevista simulada, o frio na barriga e, de repente, a oportunidade real: um primeiro emprego como jovem aprendiz na multinacional francesa Alstom, referência global em mobilidade urbana.
Ela começou no setor do monotrilho da Linha 15 e foi crescendo com a mesma firmeza com que construiu seus sonhos. Depois de um ano e cinco meses, tornou-se estagiária. Agora, é assistente administrativa. Conciliando trabalho, faculdade de administração, curso de inglês e sessões com a psicóloga, Jéssica olha para frente, mas não esquece de onde vem. O que mais a emociona é ver o brilho nos olhos da família, especialmente dos pais, ao perceberem que o esforço de uma vida inteira se traduziu em novas possibilidades para a filha.
Mais do que crescer profissionalmente, Jéssica quer crescer junto. Ela se entende como referência para a irmã de 16 anos, para as adolescentes com quem convive em sua igreja, para qualquer jovem que ache que não tem por onde começar. Ela acredita que a vida não precisa seguir o mesmo roteiro para sempre. Que é possível mudar. Que tem mais gente sonhando nas comunidades do que o mundo costuma mostrar. E que, com o apoio certo, esse sonho vira plano, rota, realidade.
Jéssica ainda quer muita coisa. Sonha com o Canadá, com o intercâmbio que um dia vai chegar. E com a chance de um dia trabalhar em uma das unidades da Alstom fora do Brasil. Ela sabe que o caminho não é curto, mas não se importa: já entendeu que a jornada também vale. Porque é assim que ela vive: abrindo caminhos pra si e pra quem vem depois.
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